TÔ FERRADO

Sou um ferrado na vida.
Sem profissão de valor.
Sem carro de bom valor.
Sou sonhador acima de tudo.
Das coisas que pretendo conquistar.
E daquilo que acredito de outro plano passa vingar.

Sou um ferrado na vida.
Sem amigos a me bajular.
E que bom, sem eu precisar.
Vivo com o que ganho, pouco.
Vivo nos apertos, muito.
Mas não reclamo a ninguém.
Porque não tenho a quem.

Sou ferrado pela vida.
Conquistas já tive.
De coração a me amar.
De dinheiro um pouquinho sobrar.
Mas tudo que vem, vai.
Tudo que ganhei perdi.
Porém não amaldiçoei.
Apenas me resignei.

E de todas as formas sutis de viver a vida.
A mais difícil é em sonhos a realizar, nenhum poder concretizar.
Das vontades tantas a conquistar, só ser feliz em sonhos, que é o que me mantém vivo.

DE QUE ADIANTA?
De que adianta um poeta ser.
Se com as emoções não pode mexer?
De que adianta sábio filósofo tentar.
Se ao mostrar a outros fica a machucar?

De que vale a vida viver.
Sem poder a ela se declarar?
De que vale tudo sofrer.
Se ao mundo somos só mais um a reclamar?

De que vale conhecimentos acumulados.
Se não compreendidos, não assimilados.
De que serve então aqui estar.
Se não pode falar o que magoa a si e ao mundo, que teima em se calar.

Tudo vontade de ao universo se declarar.
Dizer a Deus que não quer mais sonhar.
E simplesmente ir de cá para lá.
Até que a existência não nos deixe mais respirar.

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