Adormecido que estava em minha morada carnal, não notei que a vida passou; que a velhice chegou e olhando para trás notei que nada fiz, nada de realmente importante juntei, que valores monetários multiplicaram-se porem não poderei leva-los, então pensei, o que vou fazer agora, se aqui sou rico, mas daqui um tempo serei o mais pobre dos seres, pois lá não estarão os bens materiais que lucrei com trabalho e negócios bem feitos.
O que então faço, estatelado nesta cama adoentado sem quase mover-me, nem ao menos para meu saldo bancário conferir?
De que adianta tanta exigência física e mental para acumular este vil metal, que agora é mais ressentimento de parentes do que prazer a eles deixar, pois sei que ao partir, irão se acabar em tapas e pontapés pelo que deixei de meu trabalho, porque então sofri para bens materiais angariar, noites as vezes mal dormidas, finais de semana não aproveitados, se depois que me despedir deste mundo, os que ficarão se matarão por conta do que guardei.
Porque deste plano terreno ser tão mal, tão ruim para quem não entende os benefícios materiais, não entendem que metal é praga se for mal-usado, desgraça se for cobiçado, desencontro familiar se a educação de quem juntou bens a seus filhos for falha.
Tudo falsa verdade de seus olhos ao dizer que me amam, pois sempre estiveram ao meu lado por causa do bem em conforto material que lhes dava.
É triste minha partida, e deixar a todos se desencontrando muito mais do que quando vivo e saudável estava, será a desgraça desta família que julgava feliz, que julgava unida e próspera, porem eram apenas unidas pelo bem material e próspera nas finanças, mas é tarde; em breve partirei e deixarei frutos envenenados aos que amo, deixarei o que dava muito valor, e agora menosprezo; por não poder levar ficarão sendo retalhados entre meus filhos; e aos poucos tudo que juntei numa vida se esfacelará em pouco tempo.
É a vida sem proveito, sem bons frutos plantados, sem colheita a ser feita, e sem futuro para quem à espera do bem matéria parou.
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