A MORTE ANTES DA MORTE

Quanto querer ser feliz da maneira que julga correto, ter o que deseja por achar merecedor, ser importante a quem julgamos nos merecer; porém nada disso se realiza, são sonhos que colocamos em mente para nos fazer bem, para que o dia seja ameno em tristeza, não nos leve ao desespero no final do dia.

Sonhos que desejamos, que alimentamos até mesmo sabendo que não se realizarão, é nossa vontade de ser alguém melhor do que somos; tentar engrandecer acreditando que ninguém nos faz este carinho.

Uma procura insana de melhora interior, maneira de nos tornarmos realmente importantes a alguém, que seja nós mesmos, mas muitas vezes nem isto conseguimos, porque nos entregamos em vontades que são inalcançáveis, sabemos disto muitas vezes, nos faz bem, entendemos que talvez não mereçamos; mas é para nosso equilíbrio emocional esta realização, que seja em nossa mente apenas.

Por um instante passa em pensamento a ideia de que Deus não nos quer feliz, que deseja nosso desespero para sentir em nós a fé que dizemos ter, porém somente em momentos de desgosto pela vida colocamos esta verdade, e não apenas palavra sem sentido, sem realidade; acreditamos que Deus abandonou-nos algumas vezes, deixou-nos a míngua por algo que fizemos contra suas leis, contra sua vontade ou contra nossa vontade.

É a tristeza de se sentir só, sem família, sem amigos, o abandono, mesmo que em multidão a nos cercar; não compreendemos porque esta situação, se nunca tínhamos tramado para isto; uma realidade que não imaginamos, mas está a nos ferir os sentimentos, o abandono de si, de Deus, de tudo que possa dar-nos alegria; a entrega ao desconhecido que é a tristeza sem profundidade.

Procuramos respostas que não encontramos, acusamos a quem culpa não tem, nos valemos de responsabilizar até mesmo quem não conhecemos, na tentativa de encontrar uma resposta, e nada; nenhuma satisfação que seja de um mestre encarnado, desencarnado, do Mestre maior, ou até mesmo do Criador através de uma mensagem cifrada.

A sensação de que nada será mostrado, nem dito que possamos compreender assertivamente, e sim frases sem sentido que muito raramente nos vem em forma de quebra cabeças, a prostrar-nos cada vez mais nas desilusões da vida; compreender tudo isto é para os que em calma constante continuem, para que em vontade de saber de si a verdade mais oculta; estão a viver sem saber se um dia conhecerão estes ocultos planos que acredita possa ter.

Num rompante de especulação se grita aos céus, se chora com lágrimas à terra e nada, apenas a brisa a refrescar os olhos ardendo; se a calma é mantida a verdade é vinda, e bem compreendida, muito além de nossa capacidade de sobreviver, longe da consciente vontade de entender, e mais precisamente o entender da figueira por onde passou o Cristo e a fez perecer por não dar frutos.

Encontramo-nos tal como a figueira, que sem condições emocionais de ajudar temos de morrer para o mundo, irmos onde ninguém soube nos explicar, por este motivo as perguntas sem respostas, as agonias sem cessar, é nosso falecimento que se faz necessário à vida, tal qual a planta que ao secar não tem valor, porém se morrer se tornará adubo e se dará a nova planta.

Nossa morte, no entanto, não é física; para que possamos ter outra vida, é entrega ao desconhecido, o flagelo do corpo até compreender que realidades perenes a nós têm de ser esquecidas, abandonadas e, por conseguinte trocadas por algo mais consistente do ponto de vista divino.

É a morte para um bem maior, o da descoberta de si, compreender do que se está aqui; crescer interiormente muito além do que pode imaginar; morrer para a vida matéria e nascer para a vida espirito, sem ter de abandonar o corpo físico, a vida após vida que pode ser sentida sem ter de abandonar a primeira; descobrir que nada neste mundo é importante mais que nosso interior, nosso emocional equilibrado e o sofrimento para conquista de todo este status interior.

Esta descoberta é pessoal e sem ajuda de mentor encarnado, desencarnado, Mestre maior, nem mesmo do Criador, porque temos de nesta jornada aventurar-nos sozinhos, com nossos receios e possibilidade de falhas, para que entendamos de nós, e ao chegar do outro lado deste caminho; tenhamos certeza de nossos desejos, que serão divinos a partir de então; saber de nossas necessidades materiais que não serão do mesmo valor que antes; e a vivencia que será mais rica em observar e dialogar, podendo ser conselheiro até mesmo do que não entende; será a vida de descobertas em prol dos que ama e muito mais dos que lhe odeiam, porque mostrará que no coração tem unicamente amor fraterno.

Estas colocações são verdades da vida real, não da vida que passamos neste plano, são realidades que aprenderemos e distribuiremos a quem dela se sentirem necessitadas; é a figueira do Cristo que morreu para dar vida a outra arvore, mais frondosa e pura; somos nós a sofrer agonizantes muito mais pelo emocional que pelo físico; e na humildade esperar que chegue nossa hora de morrer, para nosso mundo de “ismos”; e nascer para as verdades do Cristo; que em nós está a nos esperar nesta transição.

E todos serão agraciados com este acontecimento no devido momento; mesmo os mais animalescos humanos, terão seu momento de morte matéria para o renascimento divino.

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