SOLIDÃO(a sensação)

Às vezes pinta a solidão, uma maneira de se sentir só, mesmo perto de outras pessoas, mesmo perto de quem se ama, não sei se isso é só solidão ou dor de algo do passado, parece um sofrimento, um tormento que de há muito vem, uma maneira não de reviver algo ruim que se foi, ou algo bom que infelizmente acabou, e claro não queria que acabasse, mas é uma solidão, vontade de largar tudo e mais nada fazer, um desejo, uma necessidade de ficar à beira do caminho, vontade de ver o mundo acabar, somente para tudo ficar como está, triste, amargurado, sem horizonte.

Não sei o que é isso, de onde vem e porque vem, faço teorias que não consigo crer, faço planos pobres de coisas inúteis a realizar, mas no fundo sinto que é tudo escape de nem sei dizer o que.
É a solidão, um fantasma que assombra, que só faz sombra, quem sabe orar para isso passar?
Quem sabe a um amigo recorrer para nos ajudar?
Mas porque atormentar quem está em paz, quem é boa conversa num papo que pode nos desvalorizar?
Talvez sair sem destino a andar?
Talvez escrever sem parar?
Ou mesmo uma grande besteira executar, mas isto não é saída para este mal-estar, não é medida a se tomar para o que não sabe consertar.
Apenas uma atitude covarde, sem medida de consequência a tomar, uma forma de fugir de mais tarde numa outra vida se envergonhar.

A solidão que continua a maltratar, uma sensação que nunca vai passar, mas como diz um grande pensador, tudo uma hora acaba, a solidão vai e a felicidade se instala, porem a felicidade também parte e a solidão novamente de volta está.

Fico a pensar do por que tudo isso passar; creio muito que é coisa sem memória à minha mente de carne, porém muito fresca e sabiamente utilizada, em meu espirito de profunda complexidade, quem sabe uma necessidade de viver só para compreender que sempre somos sós mesmo, num mundo de milhões de seres viventes, pensantes, agonizantes e com solidão também.

Somos sós, chegamos aqui só, com a ajuda de outros espíritos encarnados, e ficamos sós com espíritos encarnados e desencarnados ao nosso redor, porem somos sós, apenas um universo sem contato como outros universos, somos uma célula divina que está sem sua ligação estreita com outras células também divinas, então porque desta solidão que às vezes martiriza a ponto de nos destroçar emocionalmente?
Porque temos que sofrer uma dor que não dói, uma morte que não existe?

Tenho comigo que é a solidão de ser só mesmo, sem proximidade e sem uma verdade que muitas vezes faz falta, que faz refletir, porem somos falhos e só refletimos agonizantes, em solidão, em medo desta clausura que é este corpo solitário, num mundo de espíritos encarnados que só pensam em si, é a agonia, a solidão, o viver só, mesmo não estando.

A necessidade de compreender que sempre seremos sós, enquanto não compreendermos o que é a vida coletiva do Mestre, do Criador, de nós mesmos quando espíritos divinizados, quando de anjos antes de sermos a terça parte.

Compreendo que tudo que passa na minha mente é a verdade que não entendo, mas deduzo, pois, minha carne cerebral não compreenderia como aprender algo sábio através do sofrimento e da clausura, porem tento entender que nada de verdadeiro e profundo vem do mundo invisível, senão através do sofrimento.

Nenhum ser encarnado compreende o que é a vida se não presenciar ou quase participar de sua morte, entendo que muitas vezes só a dor de um estomago vazio, o sofrimento de uma parte do corpo faltando, ou até mesmo o ombro que nunca chega para confortar-nos; que tudo isso muito bem profundamente sofrido, leva a reflexão involuntária do ser, do porquê estar aqui, do porquê precisar agoniar e desta maneira, para que após esta chamada tribulação, possa suplantar todo sofrimento, com tremenda humildade e deixar de vez o sol em sua vida entrar.

Deixar que o Criador de vez possa em seu corpo e principalmente sua mente habitar, a necessidade que temos, a vontade do Criador que precisamos, porem em solidão isto não vem à mente, não faz crer que a existência deste ser nos fará feliz, esquecer ou aceitar sofrimentos físicos, porem nossa necessidade espiritual é muito além do que possamos compreender, que nossas vontades carnais são apenas uma necessidade da matéria, que a vinda do Criador a viver em nós nos fará penar menos, fará nosso corpo não reclamar de suas necessidades, será como que um analgésico que afetará o espírito, em relação às dores que temos na matéria.

Compreendo que tais dores do corpo matéria ainda existam; porem a mente em sábia concepção de suas verdades, entende que estamos nos dedicando a felicidade plena do espiritual, e como por milagre desliga-nos dos sofrimentos físicos além do que é essencial, além do que é obrigatório à sobrevivência.

A partir daí, o agonizar deixa de ser físico de vultuoso sofrimento; apenas um leve desconforto, visto que estamos em contato mais íntimos com as orbes superiores do astral e de nosso espirito a governar, este é o ser que passou a habitar em nós; porém muito agonizamos ainda em solidão, o relembrar, mesmo que nossa mente não mostre, de vivenciar nossa tristeza quando do desfazer do corpo divino, “um aborto feminino” numa exemplificação carnal.

O abandonar do que era benéfico, era completo, pois éramos perfeitos fazendo parte deste divino corpo, porem somos agora únicos em um universo que somos nós, e mais ninguém a nos visitar, mesmo espíritos de luz a orientar; eles podem facilitar entendimentos e muito mais, mas não podem impedir de sermos seres de má índole, não podem impedir de maldades de todo tipo praticarmos, contra outros ou contra nós mesmos; somos universos solitários, com assistência, sem outros habitantes em nós, e isto é o que ocorreu de há muito, quando do abandono de nossa existência como espírito divinizado, quando se nossa inexistência mais como Deus único ao qual fazemos parte em vida pluricelular.

Solidão não é tristeza de vida presente nem passada, o enclausuramento em um corpo que é universo individual, a necessidade de viver só, mesmo em grupo, para entender e se compreender nas leis que regem este nosso íntimo universo e universos externos, que regem verdades imutáveis e verdades que precisamos modificar em nós; para aí sim, prosseguirmos a trilha sábia da volta ao corpo Uno.

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